O transporte de mercadorias é uma atividade importante na cadeia de suprimentos, mas também envolve riscos significativos.
Nos últimos cinco anos, o mercado segurador desembolsou mais de R$2 bilhões em indenizações por cargas roubadas no país.
Para garantir a proteção de bens e do próprio transportador, é comum recorrer a uma seguradora de carga.
No entanto, o custo desse tipo de seguro pode ser elevado, levando transportadores e empresas a buscarem alternativas para minimizá-lo.
Neste texto, exploramos como funciona o seguro de carga, o que influencia nos preços e como reduzir esses custos sem comprometer a segurança.
O que é seguro de veículo de cargas?
O seguro de veículo de cargas é uma apólice (documento emitido por uma seguradora, que formaliza a aceitação do risco objeto do contrato de seguro) contratada para proteger mercadorias transportadas contra riscos como roubos, acidentes, avarias e outros eventos inesperados durante o trajeto.
Esse tipo de seguro serve para empresas que realizam transporte rodoviário, ferroviário, marítimo ou transporte aéreo, garantindo que, em caso de sinistro, haja indenização para cobrir os prejuízos.
No Brasil, a contratação de seguro de responsabilidade civil do transportador é obrigatória por lei, abrangendo a proteção contra danos a terceiros e à carga transportada. Além disso, muitos embarcadores optam por apólices adicionais para reforçar a proteção.
Por isso, foi criada a Lei 14599/23, que menciona:
“A Lei de Seguro de Carga nº 14.599, promulgada dia 19 de junho de 2023, traz consigo um conjunto de mudanças significativas para o setor de transporte e logística. Sobretudo, impõe a obrigação aos transportadores de serviços de transporte rodoviário de cargas de adquirir seguros de responsabilidade civil.”.
Como funciona uma seguradora de carga?
As seguradoras de carga oferecem apólices adaptadas às necessidades do transportador ou da empresa embarcadora. O funcionamento inclui:
- Análise de Risco: A seguradora avalia fatores como o tipo de carga, a rota de transporte, o tipo de veículo utilizado e o histórico do segurado.
- Coberturas Oferecidas: As apólices podem incluir proteção contra roubo, acidentes, danos causados por intempéries, entre outros.
- Indenização: Em caso de sinistro, após comprovação dos danos, a seguradora realiza o pagamento conforme os limites definidos na apólice.
- Obrigações do Segurado: Incluem o cumprimento de medidas de segurança, manutenção adequada do veículo e informações precisas sobre a carga.
Neste contexto é muito comum surgir a dúvida, “Como fazer seguro de carga para autônomo?”. Então, se você é um autônomo é importante ressaltar que a contratação do seguro de carga para autônomo não é permitida.
Pessoas físicas não podem contratar seguro de carga, e os motoristas autônomos não tem empresa constituída, por isso não tem CNPJ. Também não existe um seguro de carga para autônomo, exclusivamente.
Além disso, também podemos mencionar que a cobertura para responsabilidade civil facultativa ou RCF-V, que se refere à responsabilidade civil facultativa de veículos, estabelece uma indenização aos danos não intencionais, materiais, corporais ou morais, causados aos terceiros.
O que influencia no custo do seguro de veículos de carga?
O custo do seguro de veículos de carga é determinado por uma série de fatores, que envolvem tanto aspectos internos (relacionados ao próprio veículo e à operação de transporte) quanto fatores externos (que dizem respeito a variáveis econômicas e de segurança no ambiente em que a operação ocorre).
A seguir, vamos entender os principais elementos que influenciam o valor do seguro de veículos de carga, destacando desde o tipo de carga transportada até fatores macroeconômicos.
1. Tipos de Carga
O tipo de carga que está sendo transportada é um dos fatores mais relevantes no cálculo do seguro de veículos de carga.
Cargas perigosas, como produtos químicos, explosivos ou inflamáveis, geralmente exigem um seguro mais caro devido ao risco elevado de danos durante o transporte, acidentes e impactos ambientais.
Por outro lado, cargas consideradas de baixo risco, como o de transporte de alimentos embalados ou mercadorias não perecíveis, tendem a gerar prêmios mais baixos.
Além disso, o valor da carga transportada também pode impactar o seguro. Cargas de alto valor, como eletrônicos ou produtos de luxo, são mais propensas a ser visadas por criminosos e, por isso, exigem um seguro mais caro para cobrir eventuais perdas ou roubos.
O tipo de carga, portanto, influencia diretamente o risco de danos, perdas ou furtos, sendo um dos fatores determinantes no cálculo do prêmio.
2. Rotas
A rota percorrida pelo veículo de carga também tem grande influência no custo do seguro. Se o transporte ocorre em regiões com maior índice de criminalidade, como áreas com altos índices de roubo de cargas ou em locais de difícil acesso, o risco de acidentes e furtos é maior, o que eleva o custo do seguro.
Portanto, rotas que passam por áreas com infraestrutura precária ou com condições climáticas severas, como chuvas fortes, nevascas ou estradas de difícil tráfego, aumentam o risco de danos ao veículo e à carga, também resultando em prêmios mais altos.
O seguro será ajustado com base na avaliação do risco associado à rota percorrida, considerando variáveis como segurança, geografia e condições de tráfego.
3. Gerenciamento de Riscos
O gerenciamento de riscos da empresa transportadora pode ter um impacto significativo no custo do seguro.
Empresas que adotam práticas rigorosas de segurança, como o uso de rastreamento de carga em tempo real, escolta armada, sistemas de monitoramento e treinamentos periódicos para motoristas, podem demonstrar um menor risco de acidentes e roubos, o que pode reduzir o valor do seguro.
Além disso, políticas de manutenção preventiva do veículo, como revisões periódicas e a troca de peças quando necessário, também ajudam a minimizar o risco de falhas mecânicas ou acidentes devido a problemas no veículo.
Companhias de seguros frequentemente oferecem descontos ou condições mais favoráveis para empresas que implementam um bom gerenciamento de riscos, pois isso reduz o risco de sinistros.
4. Histórico de Acidentes
O histórico de acidentes e sinistros da empresa transportadora também é um fator crítico para determinar o valor do seguro de carga.
Se a empresa tem um histórico de muitos acidentes ou perdas, as seguradoras consideram que há um risco maior de sinistros futuros, o que pode resultar em prêmios mais elevados.
Por outro lado, transportadoras com um bom histórico de segurança e poucos incidentes podem se beneficiar de uma redução nos custos do seguro.
O perfil do motorista também é levado em conta aqui. Empresas com motoristas experientes, com um bom histórico de direção, tendem a ter custos de seguro mais baixos, enquanto empresas com motoristas novatos ou com registros de infrações no trânsito enfrentam custos mais elevados.
5. Valor do Veículo
O valor do veículo é um dos principais fatores no cálculo do seguro, já que a seguradora precisa calcular o valor de reposição ou de indenização em caso de sinistro.
Veículos novos ou de maior valor tendem a ter prêmios mais altos, pois a seguradora precisará desembolsar mais em caso de acidente total ou furto.
Além disso, veículos de carga com características especiais, como caminhões frigoríficos ou com equipamentos adicionais, também influenciam no custo do seguro. Esses veículos exigem coberturas adicionais, o que pode aumentar o custo da apólice.
6. Motoristas
Os motoristas são um dos fatores mais sensíveis na precificação do seguro de carga. A experiência, a idade, o histórico de infrações e o treinamento especializado de cada motorista podem influenciar diretamente no valor do prêmio.
Motoristas mais jovens ou inexperientes, com um histórico de infrações no trânsito, representam um risco maior e, portanto, aumentam o custo do seguro.
Por outro lado, motoristas com anos de experiência, sem histórico de acidentes ou infrações, podem ajudar a reduzir o custo do seguro.
Algumas seguradoras oferecem condições mais favoráveis para empresas que investem em programas de formação e reciclagem de seus motoristas.
7. Fatores Externos
Existem também fatores externos que impactam o custo do seguro de carga. Alguns dos principais são:
- Inflação: A inflação pode afetar tanto o custo do seguro quanto o valor de reposição do veículo e da carga. Com o aumento dos preços, o valor das apólices tende a subir, especialmente em momentos de alta inflação, quando os custos de reparo e reposição aumentam significativamente.
- Roubos de Carga: O aumento nos índices de roubo de carga, especialmente em determinadas regiões ou em setores específicos (como o transporte de eletrônicos, alimentos e produtos farmacêuticos), pode elevar os custos do seguro. As seguradoras ajustam suas tarifas para refletir o risco de furtos e roubos.
- Câmbio: No Brasil, que depende de muitos produtos importados, a variação cambial também pode impactar o custo do seguro, principalmente no que se refere ao preço das peças e componentes de reposição de veículos, que podem ter seus valores alterados conforme a flutuação da moeda.
- Custo de Reposição: O aumento no custo de reposição de veículos e peças automotivas também influencia diretamente no preço do seguro. Quando o valor dos componentes de veículos de carga sobe, as seguradoras precisam ajustar os prêmios para cobrir essas variações nos custos.
Dicas para reduzir o custo do seguro
Reduzir o custo do seguro de carga não significa apenas escolher a seguradora com a menor tarifa. As seguradoras avaliam uma série de fatores ao determinar o valor do prêmio, e muitas vezes a empresa pode adotar medidas preventivas e proativas para minimizar esses custos.
Abaixo, vamos detalhar algumas dicas eficazes para reduzir o custo do seguro, considerando aspectos como manutenção preventiva, o uso de tecnologias de rastreamento, o treinamento de motoristas, entre outros.
1. Manutenção Preventiva dos Veículos
A manutenção preventiva regular dos veículos de carga é uma das estratégias mais eficazes para reduzir o custo do seguro.
Veículos bem mantidos têm menos chances de sofrer falhas mecânicas ou envolvimento em acidentes devido a problemas de funcionamento, como falhas no sistema de freios, pneus carecas ou defeitos no motor.
Seguradoras consideram que veículos em bom estado de conservação são menos propensos a sofrer danos, o que reduz o risco de sinistros.
Quando a empresa investe em manutenções periódicas, ela mostra à seguradora que está atenta à segurança dos veículos, o que pode resultar em descontos ou condições mais vantajosas na contratação do seguro.
Além disso, os custos com reparos emergenciais tendem a ser mais altos do que os custos de manutenção preventiva.
2. Uso de Tecnologias de Rastreamento e Monitoramento
A tecnologia tem se mostrado um aliado fundamental na redução de custos de seguro de carga. Investir em sistemas de rastreamento em tempo real e monitoramento de veículos pode não só aumentar a segurança das operações, mas também reduzir significativamente o valor do seguro.
Sistemas de rastreamento de veículos permitem que a empresa e a seguradora monitorem a localização do caminhão durante todo o trajeto.
Em caso de roubo, a localização exata do veículo pode ser rapidamente identificada, aumentando as chances de recuperação da carga.
Além disso, esses sistemas ajudam a identificar comportamentos de risco, como paradas não autorizadas ou desvios de rota, que podem ser indicativos de ações suspeitas.
Empresas que utilizam rastreadores frequentemente conseguem condições melhores na hora de contratar o seguro, pois as seguradoras sabem que a chance de recuperar a carga ou minimizar os danos é maior.
3. Treinamento de Motoristas
O perfil dos motoristas é um dos fatores mais importantes na definição do custo do seguro de carga. Motoristas bem treinados e experientes representam um risco menor de acidentes, o que pode reduzir o valor do prêmio do seguro.
Realizar programas de treinamento periódicos para motoristas, com foco em segurança no trânsito, direção defensiva e prevenção de acidentes, pode resultar em uma redução significativa no custo do seguro.
Motoristas que demonstram habilidades e conhecimentos avançados nas boas práticas de direção têm menos probabilidade de se envolver em acidentes, o que impacta diretamente na avaliação de risco das seguradoras.
Além disso, treinamento especializado para o manuseio de cargas perigosas, como produtos químicos ou explosivos, pode diminuir o risco de acidentes graves, aumentando a segurança das operações.
4. Adotar Práticas de Gerenciamento de Riscos
O gerenciamento de riscos envolve identificar, analisar e implementar estratégias para minimizar os riscos envolvidos no transporte de cargas.
Isso inclui desde a escolha das rotas mais seguras até a implementação de procedimentos operacionais padrão para a carga e descarga de mercadorias.
- Escolha de rotas seguras: Evitar áreas com altos índices de criminalidade ou com infraestrutura precária pode reduzir consideravelmente os riscos de roubo de carga ou de acidentes.
- Monitoramento de condições climáticas: Planejar as viagens de acordo com as condições climáticas pode evitar situações perigosas, como dirigir em condições de baixa visibilidade ou em estradas escorregadias.
- Treinamento contínuo em gestão de riscos: Empresas que realizam treinamentos específicos em gerenciamento de riscos, como simuladores de acidentes e procedimentos de emergência, mostram para a seguradora que estão atentas a possíveis ameaças, o que pode resultar em descontos no seguro.
Com um bom gerenciamento de riscos, a empresa pode demonstrar à seguradora que está tomando medidas ativas para prevenir acidentes e perdas, o que reduz o risco de sinistros.
As seguradoras podem oferecer descontos ou condições mais vantajosas para empresas de transporte que têm políticas de segurança bem estruturadas.
Desta forma, investir em segurança, planejar rotas e negociar com seguradoras são passos importantes para equilibrar qualidade e economia no transporte de cargas.
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